O Flamenco

Arte que engloba música, canto e dança para expressar emoções humanas sem distinção de cor, raça ou credo.

Origem

Sabe-se que, depois da expulsão dos judeus e a rendição do último baluarte árabe – fato que coincidiu com a chegada de tribos ciganas à Península Ibérica, foi se criando na Espanha (século XVI) agrupamentos sociais formados por pessoas de distintas procedências e mentalidades.

Mouriscos, judeus, ciganos, camponeses sem terra, gente dispersa e errantes perseguidos pela inquisição, criaram raízes em Andaluzia e ali fundiram suas antigas formas de cultura, intercambiando suas respectivas historias sociais.

Surge então uma forma de expressão personalíssima e profunda denominada Flamenco – arte que engloba música, canto e dança para expressar emoções humanas sem distinção de cor, raça ou credo.

ETIMOLOGIA DA PALAVRA

São conhecidas duas vertentes para origem da palavra Flamenco:

HISTÓRIA DO FLAMENCO

Toda a pesquisa para encontrar uma origem única do Flamenco parece não nos levar a lugar nenhum. O mais provável é que tenha se formado ao longo dos anos graças à miscigenação cultural de diferentes povos que habitaram a Península Ibérica, particularmente a Espanha, que é, há mais de duzentos anos, considerada a pátria do Flamenco.

Chegaram em 1425 e fixaram-se em várias regiões, especialmente em Andaluzia que foi onde houve uma maior sintonia com a população autóctone que lá se encontrava. As origens do cante aparecem extremamente relacionadas às regiões da Andaluzia onde as gitanerias foram importantes. As gitanerias eram um núcleo urbano com importante presença cigana, mas também se usa o termo para expressar a qualidade que faz referência aos ciganos na forma de interpretar o flamenco.

Ocuparam vasto território espanhol, principalmente a Andaluzia, por onde entraram e também por onde partiram. Essa foi a região da Espanha onde se deu a maior influência da cultura árabe que por ali deixou um imenso legado, e, por isso mesmo, acredita-se que muitas das manifestações culturais desta região seja de origem árabe, entre elas, o Flamenco. Por outro lado, a chamada música andalusi foi levada pelos mouros expulsos da Espanha ao norte da África e lá desenvolvem sequelas musicais que ainda se conhece em Marrocos, Argélia e Tunísia com o nome de música andaluza dos mouros de Granada. Esta música não apenas guarda um caráter peculiar que a distingue de outras de origem árabe, como também em suas formas rítmicas de dança reconhecemos facilmente a origem de muitas de nossas danças andaluzas, como: sevilhanas, zapateados, seguidillas, etc.

São os mouros e descendentes árabes que permaneceram clandestinos na Espanha depois da expulsão dos árabes. Blas Infante, chamado de “o pai da Andaluzia”, formula a hipótese de que este povo teria se misturado aos grupos de gitanos e outros marginalizados sociais para passar desapercebidos. É uma hipótese que deve continuar sendo investigada, mas se vem daí o cante, por que ele não teria surgido em outras regiões onde os mouros foram até mais numerosos, como Valencia, Aragão ou Castilha? Parece que em Granada eles também formaram um grande núcleo, mas no resto da região da Andaluzia não, portanto, ainda pairam dúvidas sobre se teriam os mouros participado da criação do Flamenco.

Outra influência muito comentada no Flamenco é a dos Judeus. Já gozou de grande repercussão com base no artigo publicado em 1930 pelo escritor israelita Máximo José Khan, pseudônimo de Medina Azara. Neste artigo, ele relaciona as origens do cante com os marranos ou judeus convertidos ao cristianismo. Apesar desta teoria já ter sido francamente questionada, não se pode negar a semelhança que há entre alguns cantes hebreus com o cante jondo.

Mais duvidosas, porém possíveis, e algumas inclusive prováveis, e acima de tudo lógicas em um território que foi encruzilhada privilegiada de culturas relevantes de cada período histórico, desde a legendária Tartessos – império semilegendário da Espanha antiga, que compreenderia a atual Andaluzia, e Levante até o norte de Alicante. Desaparecem em mãos dos Cartagenenses, em 500 a.c.; até os sete séculos de dominação muçulmana; árabes, mouriscos, judeus, músicas litúrgicas etc.

DEFINIÇÕES

Neste apartado de “ESTILOS FLAMENCOS” pretende-se formar uma base para ir conhecendo todos e cada um dos segredos da arte flamenca. É absolutamente necessário conhecer algumas nuances que não se pode aprender se não nos é explicado. Portanto, segue abaixo as definições que parecem primordiais antes de mergulharmos a fundo neste estudo.

Definição de estilo musical e sua relação com tempo, movimento e velocidade.

O compás (compasso) é uma fração de tempo dividido em duas, três, quatro partes, etc. Há varias tipos de compasso, sendo os mais usuais: Compás Binário, Compás Ternário, Compás Quaternário, ou ainda 2 por 4, 3 por 4, 4 por 4, 3 por 8 e 6 por 8.

O flamenco, como toda classe de música, tem sua base com medida para poder interpretar as melodias, e um ritmo e um ar que é o grau de lentidão e rapidez com que há de se executar as obras. Com as melodias formam-se os compassos, e com dois compassos, quatro, etc, formam-se as frases. As frases musicais no flamenco formam variações ou falsetas, e estas variações são formadas por uma frase, duas, três, etc. No flamenco chamamos base, as frases formadas por compassos em rasgueados ou falsetas nos tons maiores e menores, etc.

Cante ou baile próprios e característicos de uma comarca. Ejemplo: ares de Cádiz, como as alegrías.

Grau de velocidade que se mantém durante os compassos de um determinado motivo musical no cante, toque ou baile.

Entonação de um cante ou parte da copla cantada que se corresponde com um fragmento do primeiro tercio (terça), ou com ela toda, e que se canta depois da afinação.

Denomina-se assim, na gíria do cante flamenco, aos quejíos ou farfulleos que o cantaor entoa antes de iniciar um estilo de cante. Serve também para situar-se no tom que marca o prelúdio da guitarra. Estes temples, afinações ou modulações musicais, quando interpretadas por um bom cantaor, podem tornar-se tão importantes artisticamente quanto o resto do cante ou desenvolvimento de toda a copla.

Frase melódica ou floreio que o tocaor executa, quase sempre ponteando, entre copla e copla, ou antes do cante, quer dizer, quando o cantaor se cala, dando assim a deixa para sua inspiração pessoal e criando uma música carregada de melismas e fantasia ornamental.

Grupo de notas sucessivas cantadas sobre uma mesma sílaba, como adorno ou floreio vocalizado.

Referindo-se ao cante, executar sem pausas e harmoniosamente os tercios (terças) das coplas, sem desvirtuar as características do estilo.

Cada um dos versos de que consta uma copla do cante flamenco.

São todos os versos que compõem a canção.

Aplica-se ao tom que a guitarra dá ao cantaor, equivalente ao som de “la maior”, sexta nota da escala musical. Por abajo toca-se por alegrías, siguiriyas, soleá, bulería por soleá, bulerías, etc.

Significa o mesmo que por abajo.

Aplica-se ao tom que a guitarra dá ao cantaor equivalente ao som de “mi maior”, terceira nota da escala musical.

CLASSIFICAÇÃO dos CANTES (Palos)

Nos domínios da arte flamenca existem aproximadamente quarenta espécies de Cante, algumas das quais proliferam em mais trinta ou quarenta formas bem diferenciadas. Tal riqueza e criatividade resulta atualmente em quase 500 formas de expressar as emoções vivenciadas pelos gitanos.

A classificação abaixo é uma forma mais realista e ordenada de visualizar o caos flamenco quando nos referimos ao surgimento destes cantes. Baseada na experiência de artistas e apoiada em fatos evidentes, a única pretensão nesta forma resumida e’ a de facilitar o entendimento. É importante considerar que neste formato não houve preocupação em termos genealógicos quando utilizada a classificação para os cantes “emparentados” (da mesma família) ou os cantes “influidos” (semelhantes). Ou seja, interprete semelhança e/ou familiaridade, sem comprometer outras afirmações de outras espécies. Sendo assim, considera-se que a totalidade dos cantes flamencos são reduzíveis a quatro grandes categorias:
O primeiro grupo define-se por seu próprio conteúdo. Nele incluem-se siguiriya, soleá, toná e tango. As quatro modalidades básicas coincidem em ser puras e integralmente “gitanas” (entenda-se bajoandaluzas).

O segundo grupo está integrado por cantos cuja função não é básica, pois não sustentam nada se são fundamento de outros. É o grupo mais numeroso e é composto por espécies emparentadas, não sabemos ao certo com que tipo nem em que grau de parentesco com alguns dos básicos, ou mesmo influenciados. Estes são chamados assim porque consta que são de “outra” família, mas estão influenciados pelos básicos. É o caso das “alegrias”, procedentes da jota. Os cantos do segundo grupo são gitano-andaluces:
O terceiro grupo é formado pelos cantes flamencos derivados do fandango andaluz, um grupo muito numeroso também. Este terceiro grupo é integramente andaluz. Primeiramente é constituído por uma extensa gama de fandangos que são chamados locais para diferenciá-los dos de criação pessoal, menos interessantes, e de recente geração: fandangos locais (de Huelva, Alosno, Valverde, etc.), verdiales, rondeñas, fandangos de Lucena. Do tronco dos fandangos locais procede o importante conjunto dos cantes levantinos e malagueños, com a taranta e o taranto, a cartagenera, minera, granaínas, jaberas e malagueñas. Excluimos as murcianas que não têm superado o plano de folclore regional.

O quarto grupo é o mais frágil, o dos cantes folclóricos aflamencados. O folclórico, o regional, equilibra-se com o “ar” que se tomou emprestado do flamenco, e inclusive, em alguns casos, destaca-se. Três subdivisões – necessariamente geográficas – classificam o panorama:

ESTILOS de CANTO de A – Z

01- ALBOREÁ. Cante que pertence às bodas ciganas. É um estilo com compasso de soleá rápida ou soleá por bulerías, suas letras mais divulgadas fazem referência à virgindade da noiva. Aquele que não fosse cigano não podia ver estes casamentos.

02- ALEGRIAS. Cante que pertence a Cádiz, que nasce para bailar, pertence ao grupo das cantiñas, completamente festeiro, de muita graça e compasso, denominado cante chico (canto pequeno), e não existem cantes pequenos nem grandes só existe a voz de quem os canta.

03- ASTURIANADA. Cante trazido de Astúrias como bem indica o nome, cante do folclore Asturiano muito apropriado para nosso flamenco.

04- BAMBERAS. Procedem do folclore Andaluz, cantou-se em torno ao balanceio dos balanços em festas de carnaval. Logo, como cante flamenco, é divulgado por la Niña de los Peines dando a este um ritmo de soleá alongada com esse estilo, e compás que ela soube criar para que lhe seguissem um grande número de cantaores. Única no mundo cantando este estilo de cante.

05- BULERIAS. Cante festeiro e de muito compás puramente gitano, do final do século XIX, surgiu pela província de Cádiz, em sua maioria de festas e reuniões de muita arte ligada à soleá, Jerez é seu berço junto a Cádiz e Sevilla.

06- CABALES. Cante atribuído à seguiriya. As mudanças mais conhecidas são as de Silverio Franconetti que foi o que deu a conhecer estes cantes.

07- CAMPANILLEROS. Cantes Jerezanos Natalinos pertencentes às cantigas de Natal.

08- CANTES DE TRILLA. Cantes camperos aflamencados, seu ritmo vai acompanhado dos chocalhos presos nos arreios da cavalaria e das vozes dos arrieiros, da maneira como gritam os pobres animais, é de pura criação hispana, é um estilo muito pouco cantado e praticamente ignorado pelos cantaores profissionais.

09- CANTIÑA. Cantes alegres, como os caracoles. O mirabrás, as romeras e as alegrías, todos eles emparentados com a antiga jota de Cádiz. Cante puramente gaditano, lado a lado com o toque por alegrías pelo ritmo, o tom é dado segundo o toque de cada cante, as letras são as que os diferenciam.

10- CAÑA. Mãe do cante flamenco com origens Árabes, primitivo e com nuances da soleá.

11- CARACOLES. Cante denominado cantiñas, das chamadas Alegrías, Mirabras, ou Romeras, nas quais se pronuncia, como estribilho, a palavra Caracoles, feito também para se dançar. Estes cantes foram divulgados nos cafés cantantes em Madrid, capital aristocrata do cante Flamenco.

12- CARCELERAS. Cante derivado das tonás. Muito parecido com o Martinete. Vão bem acompanhados pela guitarra ou instrumentos musicais. As letras da carcelera sempre se referem às prisões.

13- CARTAGENERAS. Cante levantino(*) e mineiro, pertencem aos Fandangos de Cartagena, da província de Murcia.

(*) levantino ou de Levante: nome genérico das regiões mediterrâneas da Espanha, principalmente a Comunidade Valenciana e a Região de Múrcia.

14- CHUFLAS. Cante festeiro, de jaleo com golpes e muito compás, com nuances da Buleria, pertencente a Jerez de la Frontera.

15- COLOMBIANAS. Cante procedente do folclore hispanoamericano, seu criador e divulgador foi Pepe Marchena, ao estilo aflamencado, de ida e volta.

16- DEBLAS. Cantes primitivos, são sem guitarra, somente ao compasso da bigorna e do martelo. Estes cantes os ciganos entoavam nas fráguas (fornalhas de ferreiros) para sentir suas tristezas e lamentos de alguma lástima, nas fráguas de Triana, onde nascem estes cantes.

17- FANDANGOS. É um cante que pertence a toda região da Andalucía, é divulgado principalmente nessa região, cópia dos cantes Árabes, deste cante foram tirados muitos estilos pessoais e, em cada província andaluza lhe foi dado um nome, se houvesse que dar todos os nomes dos mestres deste estilo que lhe deram sua criação pessoal não haveria espaço suficiente porque foram muitos.

18- FANDANGOS DE LUCENA. Cante da citada localidade Cordobesa, próprio a tantos estilos de Fandangos quanto os que existem em toda a província de Andalucía.

19- FANDANGOS DE HUELVA. Cantes que pertencem a toda província de Huelva, e em cada localidade lhe foi dado um nome pertencente a sua região.

20- FANDANGUILLOS. É um cante levantino que pertence aos estilos de fandangos popularmente conhecidos em toda região da Andalucía, cantes mais alongados na forma de pronunciar, inclusive folclóricos, são potentes e de muito estilo. Também é, perfeitamente, possível dançá-lo em cada comarca da Andalucía, inclusive acompanhado de orquestra em estilos de pasodoble.

21- FARRUCAS. Cante aflamencado de origem Galega, com ares Gaditanos, baile com certo ar da Solea pela sua forma de sapateado.

22- GARROTIN. Cante aflamencado de origem Asturiano ou ao menos do antigo reino de León, e passou por Cataluña, onde foi assimilado e recriado pelos gitanos catalães, baile com certo ar gracioso sem maiores pretensões flamencas. É de ritmo vivo e deu nome ao cante que o acompanha. É cante de tipo festeiro com ritmo de tango, com letras simplesmente graciosas e muito simples em seu conteúdo.

23- GUAJIRAS. Cante aflamencado do folclore Cubano, suas letras referem-se especialmente a la Habana e a seus habitantes, nos falam de amor e nostalgia, também de ida e volta porque foi trazido a nossa Espanha cruzando os mares.

24- GRANAINAS. Cante levantino dos chamados fandangos Granadinos, Chacón foi o primeiro cantaor que deu a conhecer estes cantes chamando-os Granadina ou media Granadina.

25- HABANERAS. Cante aflamencado do folclore Cubano, suas letras referem-se, especialmente, a la Habana e a seus habitantes, nos falam de amor e nostalgia, também de ida e volta porque foi trazido a nossa Espanha cruzando os mares.

26- JABERAS. Cante levantino, pertence ao grupo dos fandangos abandolaos. Seu nome é originado de uma vendedora de favas, à qual lhe é atribuída sua criação. Trata-se de um fandango de forma de verdiales.

27- LIVIANAS. É um cante com tom de Seguiriyas, mas como bem diz o nome, é mais leve e com nuances da serrana.

28- LORQUEÑAS. Cante com ritmo e compassos da Buleria, poemas de Federico García Lorca que transformou Pastora Pavón em um estilo criativo, festeiro, com nuances da buleria.

29- MALAGUEÑAS. Cante levantino, procede dos montes malaguenhos chamados verdiales, transformados em Fandangos ou Malagueñas.

30- MARIANAS. Cante folclórico aflamencado com nuances de tientos transmitido pelos gitanos errantes.

31- MARTINETE. Cante puramente gitano e primitivo, derivado da toná, cante de frágua ou da ferraria, é sem guitarra (só com bigorna e martelo)

32- MEDIA GRANAINAS. Cante levantino dos chamados fandangos de Granada. Trata-se de um só fandango ou um só verso estendido muito potente. Quem lhe chamou Media granadina foi D.Antonio Chacón que diferenciou este cante desta forma: a granadina, que são dois versos ou dois Fandangos, ficava muito extensa, portanto ele ‘a recortou para um só verso chamando-lhe media.

33- MILONGA. Cante aflamencado procedente do folclore argentino, concretamente de uma canção do Río da Plata, também de ida e volta porque foi trazido a nossa Espanha cruzando os mares. Dança-se a compás de tangos, é um cante, em sua maioria, melancólico e doce na forma de interpretar.

34- MINERA. Cante levantino e mineiro, mesmo que sua origem é Almería, estendeu-se por terras mineiras como Jaén, Linares, Cartagena e la Unión, onde lhe deram um estilo criativo em cada província.

35- MIRABRAS. Cante de origem gaditano. São cantiñas que provavelmente nasceu em Sanlúcar de Barrameda. Exige do artista grande aptidão porque há importantes mudanças de tom e de oitava, é preciso muita precisão no compasso tratando-se de um estilo que se dança.

36- MURCIANAS. Cante levantino que pertence à província de Murcia, muito pouco divulgado, nasceu a princípio do século XX.

37- NANAS. Cantiga de berço, voz para fazer o bebê dormir, é um cante doce e aflamencado de origem Andaluza.

38- PETENERAS. Apelido de uma cantaora que nasceu em Paterna de la Rivera, um povoado de Cádiz onde encontra-se um monumento em sua memória. El Niño de Medina destaca por Peteneras, aprendidas de seu pai Medina el Viejo, que foi o primeiro que deu a conhecê-la a finais do século XIX e foi seguido por todos os grandes mestres.

39- POLOS. Cante pareado com a caña e com nuances da soleá, surge como estilo flamenco a princípio do século XIX. Sua criação é atribuída ao rondeño Tobalo. Também é de costume rematar com a chamada soleá apolá de Triana, pois o polo pertence à família solearera (das soleás).

40- PRAVIANA. Cante da região de Asturias, música e acordes do folclore Asturiano muito apropriado para nosso flamenco, el Niño de la Rosa Fina com tanta arte aflamencou estes cantes, que ele mesmo soube criar.

41- PREGÓNES. Cantes, bem como diz seu nome, são para anunciar e vender a mercadoria. Cantava-se esses pregones para vender frutas e brevas (figos novos).

42- ROMANCES. Um estilo quer seja o mais primitivo do flamenco, onde se criaram as Tonás, são cantes sem instrumentos musicais, os Romances cantados em Andaluzia foram chamados corrido ou corridas, conservado oralmente por aqueles trovadores românticos da Idade Média.

43- ROMERAS. Cantes gaditanos dos grupos das Alegrías. Originário das Cantiñas de Cádiz.

44- RONDEÑA. Pertence aos cantes chamados de Levante. Trata-se de um tipo de fandango de verdiales que tem sua origem em Ronda. É musicalmente, uma entre tantos bandolins. Durante o século XIX foi o fandango mais conhecido e estendido por toda Andaluzia.

45- RUMBA. Cante folclórico aflamencado, de origem hispanoamericana, é chamado de ida e voltas, os gitanos catalães puseram este cante na moda, é um baile popular de origem negra cubana, na Espanha interpreta-se dando um ar festeiro entre o tango e a buleria.

46- SAETAS. Cante puramente religioso. De origem religioso-popular se interpreta na Semana Santa durante os desfiles processionais.

47- SEGUIRIYAS. Cante primitivo e puramente gitano, já a princípio do século XIX ouvia-se cantar um gitano chamado el Planeta por Seguiriyas, sendo o primeiro que se conheceu, logo seu amigo el Fillo, e assim foram surgindo cantaores deste cante por Seguiriyas.

48- SERRANAS. Cantes que pertencem à serrania, falam dos campos, pastores, animais e bandoleiros, é um cante primitivo, um pouco esquecido, do final do século XVIII, tem raízes da Liviana e nuances das seguiriyas.

49- SEVILLANAS. Cante que nasceu em Sevilla, em sua maioria para bailar, pertence à canção folclórica aflamencada, acostuma-se bailar em pares, caracteriza-se por sua graça, vivacidade e compás.

50- SOLEARES. Rainha do cante gitano, nascida a princípio do século XIX. Este cante transmite algo de muito sentimento e de profundidade dos sofrimentos puramente gitanos.

51- TANGOS. Cante primitivo, talvez um dos mais antigos que se conheça desta arte do cante flamenco, um dos pilares básicos, feito para bailar com muito compás e arte, contém várias modalidades quer sejam de Cádiz, de Jerez de la Frontera, Sevilla, Málaga ou Extremadura, tronco e raízes dos Tientos. Cádiz e Jerez foram os que deram mais grandeza a este cante, cante dos portos.

52- TANGUILLOS. Cante dos mais antigos que se conhece nos carnavais gaditanos, de festas com graça, compás e tempero. Em Cádiz estão na moda desde que o flamenco tem uso de razão em suas festas de carnaval.

53- TARANTAS. Cante do oriente e mineiro, pertencente à província de Linares (Jaén), mesmo que sua origem seja Almería, estendeu-se por terras mineiras como Jaén, Linares, Cartagena e la Unión, onde lhe deram um estilo criativo em cada província.

54- TARANTOS. Cante do oriente, procedente das minas de Almería.

55- TIENTOS. Cante primitivo, talvez um dos mais antigos que se conheça, um dos pilares básicos, contém várias modalidades quer sejam de Cádiz, de Jerez de la Frontera, tronco e raízes dos Tangos, também e’ conhecido como cante dos portos.

56- TONAS. Cantes primitivos, realmente um dos mais antigos que se conhecem, executados somente a compás de bigorna e martelo, os gitanos entoavam estes cantes nas fráguas para sentir suas tristezas e lamentos de alguma lástima.

57- VERDIALES. É um estilo de fandangos que se canta em quase toda a província de Andalucía, principalmente em Málaga, Almeria e Granada.

58- VIDALITA. Cante aflamencado procedente do folclore argentino, também de ida e volta porque foi trazido a nossa Espanha cruzando os mares. Um cante, em sua maioria, melancólico e doce na maneira de interpretar.

59- VILLANCICOS. Cante puramente gitano, que se acostuma cantar nas festas de Natal, puramente festeiro de muito compás e muita arte ligada à Soleá.

60- ZAMBRA. Pertencem aos cantes de vozes árabes; orquestra morisca(*) e baile morisco, festa semelhante à dos gitanos de Andalucía. O que se cultiva hoje é a zambra granadina nas cuevas del Sacromonte, com acompanhamento musical quer seja de pianos, guitarras, violas e/ou castanholas. Canção puramente folclórica com elementos considerados flamencos.

(*) morisco: referente aos muçulmanos que permaneceram na Espanha com o fim da Reconquista.

GLOSSARIO BÁSICO

AFICIONADO: Pessoa amante do Flamenco e que o conhece.

AFILLA: Um tipo de voz dentro do Cante Flamenco, rouca e rasgada.

AFLAMENCARSE: Fenômeno pelo qual uma copla ou canção adquire características flamencas.

ALANTE: (cante de): O cante que se executa para ser ouvido.

ARRANCARSE (por): Iniciar um cante ou baile.

ARTISTA: Cantaor, bailaor ou tocaor profissionais.

ATRÁS (cante de): Cante que se executa para ser dançado.

BAILAOR, BAILAORA: Artista que dança flamenco.

BRACEOS: Movimentos do baile flamenco, executados com os braços.

CABALES:

  1. Remate das seguiriyas.
  2. Pessoas muito entendidas no cante.

CAÍDA: Final de um cante.

CANTAOR: Artista que canta flamenco.

CIERRE: Conclusão, termino.

JALEAR: Ato de acompanhar o cante com palmas ou exclamações.

JONDO: Adjetivo que se aplica ao cante flamenco mais puro.

LAÍNA: Tipo de voz no cante flamenco (fina).

MACHO: Estribilho de alguns cantes.

NATURAL: Uma classe de voz própria do cante flamenco. Voz de peito.

PALMAS: Forma de acompanhar o cante. Há de vários tipos: sordas, redoblás, vivas.

PALO SECO (a): Cantes sem acompanhamento de guitarra.

QUEJÍOS: “Ais” que se executam no cante, a priori, no meio ou no final.

REMATAR: Terminar, ultimar, concluir.

SALÍA: Começo do cante.

SON: Acompanhamento do cante ou baile mediante palmas e outros procedimentos (palilleos, nudillos, golpes, etc.)

TABLAO: Palco disposto para a apresentação dos artistas.

TOCAOR: Violonista flamenco.